No Maranhão, destaca-se no período colonial, mais precisamente no momento da fundação da cidade de São Luis, a presença de um médico cirurgião francês, trazido na expedição de La Ravardière. Thomas de Lastre. É também desse período o Hospital Militar, o mais antigo hospital de São Luís (Meireles. M. Dez Estudos Históricos), instalado ainda no começo do século XVII, na então chamada Rua do Hospital, e depois sucessivamente Rua do Hospital Velho (hoje de Sant’Ana), assim como o Hospital da Misericórdia (Obras de João Francisco Lisboa, Vol. IV. Vida e Obra do Padre Antonio Vieira), onde consta, até hoje, informe de que foi fundado pelo Padre Vieira em 1653 e que se mantinha graças à caridade pública.
No período imperial, foi inaugurado em 1º de março de 1814 o Hospital São José da Caridade dos Jesuítas, transformado a partir de 1836 em Santa Casa de Misericórdia do Maranhão. Já em 1862, foi inaugurado o Hospital Português pela Real Sociedade Humanitária 1º de Dezembro.
No período republicano foram construídos em São Luís/MA o complexo materno-infantil Maternidade Benedito Leite e o Hospital Infantil Juvêncio Mattos, assim como o Hospital Psiquiátrico Nina Rodrigues, o Hospital Aquiles Lisboa (para tratamento da hanseníase), o Hospital de Presidente Vargas (focado no tratamento da tuberculose), o Centro de Saúde Paulo Ramos e o Pronto Socorro Municipal. Nessa fase iniciou-se a interiorização da medicina com a instalação de hospitais nos municípios de Pedreiras, Barra do Corda e Coroatá primeiramente, e depois em Imperatriz, Bacabal, Santa Inês, Pinheiro, Chapadinha, Buriti, Presidente Dutra, Codó, Balsas, São João dos Patos, Buriticupu, Itapecuru-Mirim, Caxias e Timon.
O período atual é marcado, no Maranhão, pela expansão da rede pública de saúde, com a construção pelo Governo do Estado do Maranhão, por meio do Programa Saúde é Vida, da Secretaria de Estado da Saúde, de 72 novos hospitais e 10 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). E, no Brasil, pela consolidação das especialidades médicas, do uso dos modernos equipamentos de apoio diagnóstico, pelos transplantes de órgãos, pelo uso da terapia dita invasiva e pelos grandes avanços nos campos da imunogenética e da biologia molecular.
Nesse contexto, não poderíamos esquecer os 400 anos da medicina do Maranhão, que se iniciou com o dr. Tomas de Lastre, que nos deu, inclusive, um exemplo de humanização da medicina, ao cuidar dos portugueses feridos na Batalha de Guaxemduba (Pianzola. M. Les Peroquets jaunes).
Assim, é louvável a iniciativa do Governo do Estado do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Saúde, de firmar uma parceria com a Academia Maranhense de Medicina e a Federação Brasileira de Academias de Medicina, para que seja realizado em julho de 2012 em São Luís, o I Congresso Maranhense de Medicina, o XIV Conclave Brasileiro das Academias de Medicina e o XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia, oportunizando aos médicos dos mais distantes rincões do Maranhão e de São Luís, a interação com os colegas médicos dos mais avançados centros médicos do país e com a política nacional de saúde pública.
De minha parte, fico muito feliz de, como presidente da Academia de Medicina, juntamente com meus pares, poder participar deste grande evento histórico em que se estará homenageando os 400 anos da Medicina no Maranhão.
Professor Doutor em Ciências da Saúde e Presidente da Academia Maranhense de Medicina (AMM) e sócio efetivo das Sociedades Brasileira e Maranhense de História da Medicina