Em pouco tempo, o reggae já havia se difundido pela periferia da cidade e passou a conquistar adeptos pelo centro. O professor Carlos Benedito relembra que quando ele chegou para morar em São Luís, em 1981, o ritmo era ouvido em toda a cidade.
“Era assustador. Você ouvia o reggae em todos os lugares. A partir disso passei a pesquisar esse fenômeno que tomava as ruas de São Luís”, contou.
O que chamou mais a atenção do professor foi que no Maranhão o que se ouvia era o reggae roots, ou o reggae tradicional jamaicano. “Como que uma população que não fala inglês criou essa identidade tão grande com o reggae jamaicano? Então eu descobri através de pesquisas que o Maranhão tem uma relação muito grande com a Jamaica por conta grupos étnicos semelhantes da diáspora”, disse.
Ou seja, o professor descobriu que as pessoas que foram trazidas escravizadas para o Maranhão e para Jamaica pertenciam aos mesmos grupos.
“Tem algumas semelhanças dos quilombolas jamaicanos com os encontrados no Maranhão, e também nos ritmos jamaicanos com os ritmos do tambor de crioula. Possivelmente essas pessoas foram trazidas do mesmo lugar”, disse Carlos Benedito.
A identificação com o ritmo foi tão grande que em pouco tempo o reggae se tornou a principal opção de lazer de São Luís através das famosas radiolas.
“Isso se enraizou de uma forma tão precisa aqui em São Luís que houve um tempo em que os proprietários de radiolas tiveram que viajar para buscar discos na Jamaica. Eles se tornaram verdadeiros expedicionários do reggae”, contou Fábio Araújo, presidente da comissão integrada do reggae e turismo de São Luís.
No Maranhão o reggae é dançado 'coladinho'
Conhecida como a “Jamaica Brasileira”, a capital maranhense ganhou este título ainda na década de 1980 quando o ritmo já havia se disseminado por todos os cantos da cidade e se tornando uma febre entre a população.
A história do reggae com São Luís começa na década de 1970. As explicações para a chegada do ritmo no Maranhão são muitas, mas talvez a tese mais conhecida seja a de que marinheiros que chegavam ao porto de São Luís e de Cururupu deixavam discos trazidos da Jamaica nas zonas de prostituição para pagar pelos serviços.
“Eles não tinham grana para pagar as mulheres então deixavam os discos que eram tocados nos prostíbulos e depois começaram a ganhar o gosto da população”, explicou o antropólogo e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Carlos Benedito Rodrigues da Silva.
Ritmo jamaicano é o preferido da boa parte da população da cidade, empregando milhares de pessoas na capital maranhense.
Na década de 80 a cidade de São Luís se tornou a capital do reggae.
Previsão do Tempo CPTEC/INPE
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