“Usei a religião, o cordel, a cerâmica, toda espécie de informação para fazer essa miscelânea”, comenta o artista. Todas as obras foram criadas e confeccionadas com tinta vegetal, que cresce nos mangues. Essa tinta, misturada à acrílica, resulta em uma gama de cores fortes e que segundo ele, são permanentes. A técnica criada por ele atende a uma característica do artista em trabalhar nas suas obras cores de tons quentes, usando tonalidade ocre e terra nas suas criações, cores que ele levou do sertão, como o bege, o marrom das roupas dos vaqueiros.
“Minhas telas falam de violeiro, de cordel. É da minha vivência no sul do Maranhão. As cores mais fortes, mas nos mesmos tons naturais da nossa terra. O ocre, o barro vermelho predominam na composição. Também, quatro décadas... já para brincar com as cores nordestinas”, destaca o artista.
Além do nordestino, o sincretismo religioso também dá o tom da exposição em imagens inspiradas no sacro, com anjos, cálices e espadas. Além da exposição em Brasília, Péricles também expôs recentemente em Amsterdã (Holanda) um total de 22 quadros em coletiva com outros artistas.
O artista, incansável na sua criação, buscando principalmente elementos que compõe a cultura nordestina, já está trabalhando na próxima exposição. São painéis e a inauguração está prevista para setembro. Também está sendo planejado o lançamento de um livro que vai contar a vida e obra de Péricles.
“Vai ser um pouco da minha vida, reunido toda a trajetória de 41 anos de carreira e 70 de idade, comemorada com esse livro que vai ter fotos, ilustrações, trabalhos meus...”
O livro será uma coletânea de textos produzidos por intelectuais atribuídos à carreira e obra de Péricles e que foram publicados em jornais, periódicos, livros, revistas ao longo desse tempo. Textos por exemplo, de Odylo Costa Filho, Ferreira Gullar, Eliézer Moreira, Ubiratan Teixeira, Nauro Machado, Arlete Nogueira. “São textos que foram escritos por pessoas que foram meus amigos, companheiros, admiradores do meu trabalho. Será um grande livr. Minha vida dá um livro (risos)”, brinca Péricles Rocha.
O artista
Péricles Rocha é pintor, escultor, desenhista e ilustrador e começou a pintar com 8 anos na beira do Rio Parnaíba, na cidade de Benedito Leite, no Maranhão. Cursou escultura na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro, entre 1967 e 1971, com bolsa de estudos concedida pelo governo do Maranhão. Em 1977 realizou sua primeira mostra individual, na Galeria Sérgio Milliet, no Rio de Janeiro. Entre 1978 e 1980, ilustrou o livro Poeta do Absurdo, de Orlando Tejo.