Um dos crimes mais emblemáticos ocorridos no Maranhão no século XIX volta a ser objeto de análise na literatura. Desta vez, recheando o livro do advogado Alan Paiva, que lança a obra hoje anoite, às 19h, na Livraria Themis do Monumental Shopping (Renascença II). Chama-se “O Caso Pontes Visgueiro – Da Barbárie ao Feminicídio”, com 96 páginas, e que, a partir de um processo criminal antigo, resgata a trajetória da violência contra a mulher no Brasil, passando pelo crime passional e pela tese da legítima defesa da honra, até chegar ao feminicídio. Além disso, faz referências a outros casos famosos ocorridos no Brasil e no Maranhão.
Prefaciado pela ex-deputada Helena Heluy, o título objetiva também mostrar a atuação dos grandes advogados do passado e do presente. “Esses profissionais também nos permitem conhecer a tragédia humana, em seus diversos aspectos, através dos dramas que tiveram seu fim no plenário da justiça dos jurados. Faço ainda menções sobre autores famosos, como Josué Montello e Humberto de Campos, que também fizeram referências a esse crime ocorrido no Maranhão”, disse Alan Paiva.
O crime narrado refere-se ao praticado pelo desembargador José Cândido de Pontes Visgueiro, em 14 de agosto de 1873, matando a adolescente Maria da Conceição, com quem ele mantinha um relacionamento amoroso. Na página 43, detalha: “Guilhermino segurou a toalha e o ombro da vítima por ordem do desembargador que tirou do bolso um vidro, abrindo-o com a boca e derramou o líquido no nariz dela. Ela desfaleceu. Mandou que o empregado se retirasse para ver se havia gente no corredor e fechou a porta à chave. Ao retornar, ouviu o barulho de bater de pé e a voz de Mariquinhas: ‘meu bem, não me mates’. Respondeu o agressor: ‘não te dizias sempre que me havias de pagar’?’. Quando o barulho cessou, a porta se abriu e ele apareceu com um punhal na mão, todo ensangüentado, e lhe disse: ‘Guilhermino, a raiva foi tamanha que não pude deixar de matá-la; agora vamos tratar de encobrir o crime”.
Crimes - A obra mostra que crimes dessa natureza sempre ocorreram, inclusive em São Luís. Ela dá vários exemplos, como o caso de Mariana Costa, que, em novembro do ano passado, teria sido assassinada no apartamento em que morava com o marido e as duas filhas, por Lucas Porto, casado com a irmã da vítima. Cita ainda o caso ocorrido na cidade de Barreirinhas, envolvendo o tenente-coronel Miguel Gomes Neto, da Polícia Militar do Maranhão, que matou a esposa Clodiany Carvalho Garcia e em seguida tirou a própria vida. José Márcio Paiva aborda ainda o feminicídio, último capítulo do livro. Na página 90, ele diz: “O amor não pode jamais ser alegado por alguém que foi capaz de tirar a vida do ser amado, esse dom tão valioso dado por Deus. A morte de um ser humano por outro será sempre um crime contra a humanidade e uma grave ofensa àquele que nos criou á sua imagem e semelhança”.
Alan Paiva é advogado criminal e escritor, formado em Direito pela Universidade federal do Maranhão (UFMA). É membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Luís e autor dos livros “Amor sem Limites – A Luta Contra As Drogas”, “Drogas, Crimes e Prisões” e do livro de contos “Encontro em Buenos Aires” (inédito), com o qual ele conquistou o segundo lugar no Prêmio Coelho Neto no 36º Concurso Literário Cidade de São Luís.
Evento: Lançamento do livro
Dia: Hoje, às 19h
Local: Monumental Shopping (Renascença II)
Preço do livro: R$ 30,00