O Maranhão foi um dos estados que mais inscreveu trabalhos para participar da 10ª Bienal da União Nacional dos Estantes (Une), que ocorre deste domingo até quarta-feira, em Fortaleza (CE). Dos 250 trabalhos inscritos nas áreas de audiovisual - artes visuais, artes cênicas, literatura, música, projetos de extensão e ciência e tecnologia - 19 foram do estado e a maioria destes, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O evento terá shows gratuitos de Emicida e Gaby Amarantos.
Do Maranhão, foram selecionados o projeto de extensão “Teatro Abayomi Bonecos: histórias, memórias e resistências em cena”; o espetáculo “Maria Firmina”; o projeto “Lama”; o espetáculo “Vem cacuriá”; e o conto “Cabelo duro”.
A atriz Júlia Martins explica que seu projeto “Maria Firmina, uma voz além do tempo” é um experimento cênico que regata a história de Maria Firmina dos Reis, primeira romancista brasileira e faz uma referência ao ser mulher. A apresentação será neste domingo, às 16h, no Dragão do Mar. “O espetáculo é um solo, que foi apresentado apenas uma vez na UFMA e que tem direção de Urias Oliveira e integra repertório da Casa do Sol Cia. de Artes”, diz a atriz.
O projeto “Lama” surge como ato performático de Doroti Martz, Victor Vihen e Neto Corrêa a partir do poema “O que o barro quer”, de Paulo Leminski, e questiona a relação do homem com a terra e sua negação no mundo contemporâneo. “Trabalhamos com os signos arquetípicos dos orixás relacionados à terra e também sua desconstrução e transposição para a sociedade atual, o que gera o caos e a degeneração da natureza e do espaço Social”, explica a atriz Doroti Martz.
Festival
Bienal da Une é considerado o maior festival estudantil da América Latina e chega a sua 10ª edição celebrando os seus quase 20 anos de existência com uma ocupação cultural da capital do Ceará. Cerca de 10 mil estudantes devem participar do evento, segundo a organização.
Esta edição traz o tema “Feira da Reinvenção”, inspirado no potencial criativo do povo brasileiro e na possibilidade de reinvenção de linguagens, estéticas, formas de luta e de arte a partir da imagem das feiras populares. A Bienal também dá início às festividades dos 80 anos da Une, comemorados no dia 11 de agosto.
Em 1999, com a realização da 1º Bienal em Salvador (BA), a Une retomou com vigor o seu trabalho cultural que teve destaque na década de 1960 com o famoso Centro Popular de Cultura (CPC). Na segunda edição, realizada em 2001 no Rio de Janeiro, esse projeto cresceu com a criação do Circuito Universitário de Cultura e Arte (Cuca), uma rede de produção e fomento à arte nas universidades do país.
Depois, deu continuidade ao caráter itinerante das Bienais e norteou o festival para temas que representam alguns dos elementos formadores do povo brasileiro. Já foram discutidos a cultura popular (Recife, 2003), a integração do Brasil com a América Latina (São Paulo, 2005), as relações do país com a África (Rio, 2007), as raízes do Brasil (Salvador, 2009), o samba (Rio, 2011), a influência da cultura nordestina (Recife, 2013) e as diferentes formas de linguagem no país (Rio, 2015).
Já passaram pela Bienal artistas como Gilberto Gil, Oscar Niemeyer, Ariano Suassuna, Abdias Nascimento, Alceu Valença, Ziraldo, Tom Zé, Martinho da Vila, Augusto Boal, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Lenine, Naná Vasconcelos, Criolo, Pitty, entre outros.