O cacuriá é uma dança tradicional junina e é dançado em pares, com formação em círculo , ao som de instrumentos de percussão chamados caixas do Divino, que são pequenos tambores. O ritmo é uma derivação do carimbó maranhense e é bastante dançante e envolvente, com rodopios e coreografias que prendem a atenção. Inicialmente, o cacuriá era praticado unicamente com as caixas, mas aos poucos foram acrescidos outros instrumentos, como banjo, violão, clarinete e flauta. A percussionista maranhense Dona Teté ( Já falecida) contribuiu para expandir e tornar o ritmo conhecido do grande público.
A sensualidade é uma das grandes características dessa dança, mas na semana passada, uma apresentação do grupo Cacuriá do Candinho, no Arraial do Cohatrac, chamou a atenção de forma negativa. Em um dos momentos, os dançarinos simularam um ato sexual explicito diante de uma plateia formada também por crianças. O episódio repercutiu e o vídeo viralizou nas redes sociais, e gerou polêmica.
No centro da polêmica, o presidente do Cacuriá do Candinho, Cândido Amorim, disse que o grupo estava em viagem para Alcântara e que somente agora pôde se pronunciar sobre o caso. Cândido Amorim disse que o vídeo mostra um recorte da apresentação, mas que não era essa a intenção.
“Aquele passo não faz parte da nossa coreografia. Foi um improviso dos jovens, cabeças duras. Uma empolgação deles, querendo inovar. Pedimos desculpas ao público e afirmamos nosso compromisso com a tradição da dança do cacuriá, que temos conhecimento e gostamos muito. Com a repercussão do fato nas redes sociais, sentei com todos os integrantes e entramos em um consenso, para que isso não mais aconteça. Para não haver dúvidas, mudamos toda a coreografia”, disse ele, informando que o Cacuriá do Candinho tem três anos de existência e que a apresentação no Cohatrac foi uma cortesia do grupo e não integrava a programação oficial do arraial.
De acordo com a cantora Rosa Reis, do Laborarte e do Cacuriá de Dona Teté, diversos grupos estão explorando a dança de maneira comercial e alguns exageraram e avançaram o limite da sensualidade, aproximando-se da imoralidade. A cantora enfatizou a importância do cacuriá dentro do projeto junino maranhense. Ela disse que o cacuriá verdadeiro vem realmente do Divino Espírito Santo e é uma ramificação do carimbó maranhense. “Ao término da programação da Festa do Divino, como se fosse o lava-pratos, quando é derrubado o mastro, acontece a brincadeira de serrar mastro, com serrote mesmo, e isto acontece numa espécie de dança e muito rebolado. E os homens também entram na roda”, explicou a artista, que herdou de Dona Teté um jeito cativante de comandar a dança do cacuriá.
Em nota, a Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur) se pronunciou sobre o assunto e reafirmou que a apresentação não estava na programação oficial, e nem foi paga pelo Governo do Maranhão.