A tiquira maranhense é produzida a partir da mandioca brava, em um processo diferente da cana, por não conter açúcar natural, ganha status de bebida sofisticada e já está sendo vendida no Rio de Janeiro. A Tiquira Guaaja, fábrica instalada no município de Santo Amaro - nos Lençóis Maranhenses -, produz 500 litros/mês, mas há a previsão de alcançar mil litros quando passar a ser exportada. Para isso, depende de certificações internacionais e vistorias, ainda não há uma data específica para o começo dessa venda internacional.
O objetivo das exportações são países como Alemanha, Bélgica, Portugal e Estados Unidos, com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e de seus consultores, a fábrica em Santo Amaro, já estava construída, mantendo a tradição e a cultura da fabricação da tiquira na região, e produzindo uma bebida com o sabor e a identidade com características próprias dessa aguardente tipicamente brasileira e maranhense.
A Tiquira Guaaja nasce com o objetivo de conquistar os paladares mais apurados e encantar a todos com esse destilado pouco conhecido, inclusive no Brasil, proporcionando a degustação com o sabor e a identidade característicos e próprios dessa aguardente genuinamente nacional com 40% de graduação alcoólica. Segundo Margot Stinglwagner, “Nem a cachaça é tão brasileira como a tiquira, pois a cana de açúcar não é originária daqui e a mandioca, sim”, diz a produtora. A bebida tem uma graduação alcoólica que vai às alturas, de 36 a 54º GL (porcentagem em volume).
A Produção
Tudo começa com a escolha bem feita da mandioca e sua lavagem, logo em seguida ela é ralada e prensada. Esse processo garante que um componente químico, o ácido cianídrico seja retirado e isso é bem importante (Pois esse ácido é extremamente tóxico). Disso vai resultar uma massa, dando origem a uma farofa grossa, que é espalhada sobre uma chapa quente, até que se consiga formar “bolos”, que deverão ser assados até ficarem cozidos. Estes ganham o nome de beijus. Os beijus resfriam, são expostos ao ar. Nisso vai acontecer uma proliferação espontânea dos esporos e dos fungos do ambiente e, três ou quatro dias após isso, aparecem sobre eles uma flora de micélios, de cor rosada. De 12 a 14 dias depois diminui o teor de umidade dessas massas e os micélios (fungos) da superfície chegam ao interior dos beijus, contaminam e sacrificam a massa, desdobrando todo o amido. Os beijus são levados a um tronco de árvore escaldado que deve ter 200 litros de capacidade coberto com água. No dia seguinte estará uma massa desfeita e xaroposa que deve ser mexida e agitada para uniformizar e arejar o tronco, que deixado exposto completará sua fermentação em dois dias. Terminada a fermentação, o tronco é destilado em alambiques de barro ou de cobre, e em cada operação vai de 15 a 20 litros de tiquira o que dá cerca de 100 litros, no total.
Onde encontrar a bebida no Rio de Janeiro?
No Rio, a bebida está disponível, e pode ser encontrada no Braseiro da Gávea, Churrascaria Palace, Espeço 7zero6, Fasano, Caesar Park, Copacabana Palace, Satyricon, Supermercado Prix e Bergut.
Perguntas para Margot Stinglwagner
Em meio a crise a fábrica prospera mesmo assim?
- Temos todo um mercado novo a conquistar. Fora do Maranhão a tiquira é uma bebida ainda desconhecida para a maioria das pessoas. No momento de crise em que se encontra o Brasil, nem todos querem arriscar a experimentar ou expor algo novo, mesmo assim estamos crescendo desde que começamos a comercializar a bebida, há um ano.
E a bebida no Maranhão?
- Dentro do Maranhão, a tiquira tem uma má fama de bebida rascante e fortíssima, que temos que desfazer para conquistar o público, além de termos concorrência de muitas tiquiras informais, que por serem informais não pagam todos os tributos que pagamos, de salários, férias, 13º e, consequentemente, são mais baratas.
Como estar a receptividade dos moradores do Rio de Janeiro?
- Como não conhecem as lendas que envolvem a tiquira não se furtam em experimentar. A mixologia (é a ciência que se preocupa em gerar conhecimento para a coquetelaria) está em alta com seus barmans premiados e drinks espetaculares, por isso a tiquira tem conquistado os mixólogos pela sua versatilidade e aos sommeliers pela sua leveza e sabor único.