O poeta maranhense Luis Augusto Cassas será homenageado hoje, às 19h30, com ato de celebração à poesia, em São Paulo, no sarau “Gente de Palavra Paulistano”, que reúne atores, poetas, escritores e artistas na Vila Madalena, bairro boêmio da capital daquele estado. No evento, os convidados lerão poemas do autor de “República dos Becos”.
O poeta maranhense, radicado em São Paulo há alguns anos, vai ler, na ocasião, seus poemas. A leitura de sua lavra por ele mesmo não é comum e nunca ocorreu em São Luís nem mesmo durante as grandes produções de lançamento de suas obras em terras locais. E a grande novidade é também uma mudança de paradigma. “Mas uma coisa é certa, esta novidade já se tornou dissipada no ano passado, quando lancei minha ‘Poesia Reunida’, na Casa das Rosas, também em São Paulo, com formato idêntico”, ressalta o escritor.
Ele adianta que no recital de hoje, a tendência é que sua poética seja visitada em maior dimensão. “A quantidade maior de leitores de poemas – escritores, atores, críticos, amigos - muitos lendo dois poemas cada, tende a tornar mais sedutora e longa a noite. A tensão entre o erotismo e o espiritual, deverá ser privilegiado”, adianta Cassas.
Nomes como Clara Baccarin, Mirna Grzich, Roberto Bicelli, Luiz Roberto Guedes, Dionisio Neto, Carlos Tenreiro, Fernanda de Almeida Prado, César Augusto de Carvalho, Hamilton Faria, Luiza Oliveira, Eduardo Lacerda, Adriana Veraldi, Maria Carol de Bonis, Cláudio Laureatti, Carolina Montone, Rubens Jardim, Renan Barbosa, Marlene Araujo, Gabriel de Almeida Prado, Daniel Perroni Ratto, Janaina Satana e, claro, Luís Augusto Cassas lerão os poemas do autor.
Entre os trabalhos escolhidos para as leituras estão “Borracharia do Arouche (40 graús)”; “Poema das sete chacras (a semana da criação)”; e “Conversa com Nicodemos”.
Ano passado, Luis Augusto Cassas lançou em São Paulo os dois volumes de “A Poesia sou Eu, Poesia Reunida”. Na data, o poeta reuniu escritores, artistas e amigos que fizeram leituras de poemas do escritor maranhense. O trabalho, editado pela Imago conta com quase 1.400 páginas e abriga 16 livros publicados e mais quatro inéditos, além de opulenta fortuna crítica, iniciado com “República dos Becos”, de 1981, publicação que o apresentou ao Brasil.
O livro é dividido em dois volumes. O primeiro tem 696 páginas, traz, além do livro de estreia, os títulos como “A Paixão segundo Alcântara”, “O Retorno da Aura” e “Liturgia da Paixão”. O segundo volume reúne, em 672 páginas, obras a exemplo de “O Vampiro da Praia Grande”, “Em Nome do Filho”, “Tao à Milanesa” (inédito), “Evangelho dos Peixes para a Ceia de Aquário”, “Poemas para iluminar o Trópico de Câncer” (inédito), entre outros.
O livro reúne ainda a fortuna crítica da obra de Cassas com textos e depoimentos de Josué Montello, Antônio Houaiss, Franklin de Oliveira, José Chagas, Antônio Carlos Secchin, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, José Sarney, só para citar alguns.
A poesia de Cassas habita a convivência entre o popular e o esotérico, o místico e o mítico, o social e o existencial, o cósmico e o sentido da vida, navegando entre cartas de tarôs e iniciações barrocas. Pródiga em códigos, propõe uma espécie de síntese cosmogônica de tudo. É atravessada por dramática compreensão do universo, incorporando o niilismo e o satori, cuja assinatura, portando exacerbada sede de eternidade e ânsia de infinito, revela nuanças cabalísticas, impressionistas, realistas, dadaístas e surrealistas.
O poeta, crítico e tradutor Marco Lucchesi, em “Poesia Reunida” destaca a obra do maranhense. “Vejo a obra reunida de Luís Augusto Cassas. E me espanto com a população que habita seus livros. Uma demografia incomum. Toda ecumênica. Cheia de beleza. E frescor. Mais de uma praia. E mais de uma cidade. O mundo e a redescoberta de sua grande poesia. Uma das mais belas que se escreve hoje no Brasil. E das que mais me comove”.