Uma das manifestações mais populares dessa época do ano, os festejos Juninos, tem início com o Ritual do batizado que é tradição entre a maioria dos bois de matraca. O ritual reúne música, dança e celebração marcando o elo entre o sagrado e profano nestas manifestações e é realizado nas sedes dos grupos.
O batizado é o momento único em que os bois recebem as bênçãos, concedidas normalmente por padres ou rezadeiras, dos santos juninos. Segundo os organizadores esse momento é considerado o mais importante da temporada junina. “A comunidade espera o batizado e se prepara para ele para assim podermos brincar os festejos juninos com muita proteção”, frisa o presidente do boi da Maioba, José Inaldo Ferreira que vai aproveitar o batizado do novilho para lançar o mais novo DVD do grupo, que celebra 120 anos de fundação.
A importância do batizado também é ressaltada pelo presidente do boi de Ribamar, José de Ribamar Silva Filho, o Ribinha Jacaré. “O batizado é uma tradição centenária, o povo fica aguardando ansiosamente, para este dia, é algo que realmente mexe com a comunidade. É o momento sagrado da temporada para os grupos de bumba meu boi”
A celebração é permeada por ladainhas, bênçãos e reverências aos santos juninos e reúne os mais velhos da comunidade, em especial as mulheres, que puxam as ladainhas. A noite também é dedicada à exibição do novo couro do boi (o pano bordado que cobre a armação de madeira), que, até então, apresentava-se “vestido”, com os bordados do ano passado. Para os grupos de sotaque de matraca, é apena depois do batizado que se inicia, oficialmente, a temporada junina. “Tudo o que fazemos até o dia 23 de junho é considerada prévia junina. A largada oficial ocorre mesmo na noite do batizado”, destaca José Inaldo Ferreira.
Após a celebração, a maioria dos grupos ainda faz a encenação do auto, que nos últimos anos é representada somente na véspera do dia de São João. “Mesmo com um tempo mais apertado, porque a gente tem que cumprir programação, não deixamos de fazer o auto”, atesta Ribinha Jacaré.
É nesse dia que a história de pai Francisco e mãe Catirina sai da imaginação de quem faz o folguedo e se materializa por meio de uma dramatização teatral. Com mais de uma hora de duração, o auto do bumba meu boi é permeado por diálogos e toadas que narram o desejo de Catirina de comer a língua do boi e a ousadia de Francisco de roubar o novilho preferido do patrão.
Outro grupo tradicional do sotaque de matraca do Maranhão é o Boi de Maracanã faz seu batismo às 23h, na sede do boi, localizada no Maracanã.
O boi da Maioba faz o batizado às 22h, em sua sede, no Viva Maioba. Este ano, o padrinho é o pai de santo Bita do Barão e a madrinha, a filha dele. “Depois da celebração, dizemos que o boi vai sujar a barra, dançando no Viva e percorrendo lugares que tradicionalmente visitamos na noite do dia 23”, pontua José Inaldo, explicando que o boi se apresenta ainda em frente à igreja de São João, no Mocajituba, de lá segue para o arraial de São José de Ribamar e, por último, segue para a igreja de São João, na localidade Rio dos Cachorros. O encerramento da noite será na Avenida Arthur Carvalho, Miritiua.
O boi de Ribamar faz o batizado às 19h, no Viva Outeiro, na sede do boi. Os dois bois - Libertação e Pai da Malhada – também estreiam os couros novos. “Hoje o boi tem entre seus integrantes 25 rajados, 25 caboclos de pena, 25 índias, quatro miolos, três Pai Francisco, duas Catirinas e ainda pandeiros e matracas que não dá para contar”, atesta Ribinha Jacaré.
Os cantadores do boi de Ribamar são Canário do Pai da Malhada, Modelson e Roni. O grupo gravou e lançou um CD cujas cópias já esgotaram. “O disco foi bem procurado, tanto que encomendamos mais cópias”, diz o presidente. Após o batizado, o boi segue para o Arraial do Ipem.