No dia 17 de fevereiro de 1960, às 22 horas, cheguei em São Luís, precisamente, na rodoviária, entre os bairros Monte Castelo e Alemanha. Caminhei ainda durante alguns minutos e entrei num bonde com destino à Praça João Lisboa, onde desci e segui caminhando até chegar precisamente à Rua Luzia Bruce, nº 52, popularmente denominada Beco dos Barqueiros. Entrei num quartinho, no 1º andar, armei minha redinha, logo, dormi.
No dia seguinte, 18 de fevereiro de 1960, muito cedo, acordei. Eu abri a janela e olhei. Do meu lado esquerdo vi o mar e, do meu lado direito, vi a cidade São Luís. Fiquei feliz, pois vi lindas paisagens e falei para mim mesmo: estou numa cidade muito linda, aqui quero ficar, vou estudar e trabalhar para vencer as dificuldades que se me apresentarem.
A seguir, portanto, com uma bolsa de estudo federal, que obtive através de um exame de seleção em Teresina, onde cursei até a 1ª (primeira) série do Curso Ginasial, no Ginásio Leão XIII, fui ao Colégio São Luís, onde cordialmente fui recebido pelo seu diretor, professor Luiz Rego, autorizou a minha matrícula na 2ª (segunda) série. Fiquei muito satisfeito. Caminhei na Rua Rio Branco, atravessei a Praça Deodoro, cheguei à Rua Grande e sobre esta segui a viagem até ao número 100, um bangalô muito bonito e nele subi ao primeiro andar, onde funcionavam o consultório odontológico e o laboratório dentário do meu querido tio dr. José Ferreira de Sousa. Aí comecei a trabalhar, durante o dia, pois, à noite, dedicava-me aos estudos, indo para o colégio.
Logo após concluir o ginásio, fiz exame de seleção ao Liceu (Colégio Estadual do Maranhão) e fui aprovado. Desse modo, ingressei no seu Curso Clássico noturno.
Saía do Liceu às 22 horas e, a seguir, ía para o Jornal do Dia, na Rua de Santana, nº 91, onde eu trabalhava como seu revisor, precisamente, de quatro páginas, a primeira, a segunda, a penúltima e a última. Além dessa função, quando necessário, também desempenhava a de repórter.
Concluí o Curso Clássico no Liceu em 1966 e, no início de fevereiro de 1967, fui aprovado no vestibular para ingresso na Faculdade de Direito de São Luís, que funcionava na Rua do Sol, frente ao Teatro Arthur Azevedo. No 4º ano de Direito, ingressei no quadro de Solicitadores na Ordem dos Advogado do Brasil-Seção do Maranhão. Logo, comecei a advogar. Ao final de 1971, concluí o Curso de Direito. A seguir, ingressei no quadro de advogados da referida Seccional.
Em julho de 1974, ingressei no quadro de professores da Faculdade de Direito de São Luís, hoje Departamento de Direito da Universidade Federal do Maranhão.
Após ter sido incluído no plano da capacitação docente do MEC, em 1978 e 1979, fiz o Curso de Mestrado em Direito na Universidade de Brasília.
No início de 1981, fui eleito presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção do Maranhão -. Eu não quis a reeleição. Somente exerci um mandato, na época, apenas de dois anos. A seguir, fui conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil, representando a Seccional Maranhense, em vários mandatos, sendo o primeiro no Rio de Janeiro, sede, então da OAB. Estudei, trabalhei muito e até assim permaneço.
São Luís merece, sim, o Título de Patrimônio Cultural da Humanidade.
Segue, assim, no espaço universal e, desse modo, fica guardada na minha memória e no meu coração.
Por: José Carlos Sousa Silva
Advogado, jornalista e professor da UFMA e Universidade Ceuma, mestre em Direito pela UnB, membro da Academia Maranhense de Letras
E-mail: jcss@elo.com.br