O livro “Terecô de Codó: uma religião a ser descoberta”, de autoria do pesquisador e escritor Cícero Centriny, continua a viagem pelo Brasil para uma série de relançamentos e palestras proferidas pelo autor. A obra expressa a valorização da cultura popular, respeito pela diversidade cultural e um passo dado na superação da discriminação social. Nas palestras, Centriny aborda as religiões de matriz africana de Codó, em especial o terecô, uma tradição que se mantém viva há séculos.
No próximo dia 21, Cícero Centriny ministrará palestra e lançará o livro na Fundação Cultural CSN, em Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro. Dia 24, será a vez da Casa do Maranhão, na capital carioca. E dia 29, finalizando a turnê, o autor lançará a obra na Universidade Federal de Vitória, no Espírito Santo. Além dessas cidades, o livro já foi lançado em Belém (PA), Teresina (PI), Natal (RN), São Paulo e Salvador (BA), entre outras cidades.
O que é o Terecô?
Terecô, conforme é a denominação de uma religião afro-brasileira tradicional de Codó, município maranhense que recebeu, em suas fazendas e plantações de algodão, muitos negros escravizados. Embora a denominação “terecô” seja muito frequente no interior maranhense, até poucos anos era quase inexistente na literatura antropológica e desconhecida da maioria dos sacerdotes e praticantes das religiões de matriz africana de outros estados.
A obra faz uma reflexão sobre as práticas rituais que compõem essa religião afro-brasileira de matriz africana como parte extremamente importante da história negra do Maranhão, contribuindo assim para a preservação da memória e cultura popular e religiosa maranhense. Segundo o autor do livro “O livro registra a história do terecô, originada e praticada no município de Codó, indo mais além, até o ponto onde nem mesmo se pensava em existir a cidade, pois o lugar teve início como um reduto de escravos fugidos das fazendas de arroz e algodão instaladas naquela região. Atualmente, o referido reduto é um povoado, tendo como sede Santo Antônio dos Pretos, localidade quilombola rural remanescente, a 60 km da zona urbana de Codó”.
Cícero Centriny, vodunsu hunjai orrunjá do tambor de mina do Maranhão, filho do babalorixá Euclides Menezes (Talabyan Lissanon), é o atual dirigente da Casa Kamafêu de Oxossi, o primeiro terreiro da nação do terecô de Codó, instalado na Ilha de São Luís, na praia do Araçagi, fundado pela saudosa babarorixá Maria do Sete. Ele iniciou a turnê de fim de ano para a divulgação do livro e de seus saberes no dia 26 de outubro, por Brasília, com uma capacitação interna sobre o terecô para os técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Na ocasião, o autor apresentou uma palestra sobre intolerância religiosa e fez o lançamento oficial do livro na Universidade Nacional de Brasília (UnB), com rodas de conversas em quatro terreiros do Distrito Federal.