Um sacerdote de religião de matriz africana do culto afro brasileiro do culto afro maranhense que nos deixou profundo legado reflexão e história no Maranhão no Brasil e no mundo. A consciência que teve na sua simplicidade de escrever sobre as coisas que presenciou e viveu desde 1944 no meio da espiritualidade em seus livros lançados. Consciência essa em seus ensinamentos curtos, sui generis perspicaz e, sobretudo, com discernimento e sabedoria.
Ao escrever em seu último livro “Cartilhas de Memórias – Agora é Minha Vez”, lembrou-se dos sacerdotes e sacerdotisas do nosso Maranhão que contribuíram e ficaram ao longo dos séculos como resistência pelo nosso Maranhão e país afora com o universo de diversidade de ritmos, práticas e etc. Segundo o Babalorissá Euclides Menezes Ferreira-Talabyan Lissanon “temos que ter convicção de nossas práticas com simplicidade, consciência e, sobretudo humildade nada de invencionice”. O tradicional e o contemporâneo podem até andar juntos desde que não se desvencilhe do seu propósito espiritual.
Esses sacerdotes outrora deixaram o seu legado na prática do culto religioso afro maranhense até os tempos de hoje. Dadas às informações e repasse dos mais antigos se sabe que as matrizes e linhagens no ritual de Tambor de Mina eram definidas em: Jeje-fon, nagô-abeokutá, nagô-nupê, nagô-ibadam, cabinda, fulupa (felupe) e que nos tempos de hoje já se confundem. Essas nações são diferentes, mas se respeitavam entre si. As casas mais antigas do Tambor de Mina – Terreiro da Turquia, Terreiro do Justino, Casa de Nagô e Casa das Minas – essas duas últimas já não se praticam ritual, mas a sua essência está lá plantada para sempre e são exemplos das casas de origem matriarcais: A Casa de Nagô Abioton fundada em janeiro de 1792, Casa das Minas fundada em junho de 1796, Terreiro da Turquia fundado em junho de 1889 e o Terreiro do Justino fundado em agosto de 1896.
Um homem um Babalorissá em sua consciência e na sua humildade já escrevia a tempo que a intolerância religiosa as perseguições às discriminações o preconceito aos sacerdotes e sacerdotisas de outrora iriam aumentar de forma estrondosa. Portanto, é preciso que estejamos unidos contra o enfrentamento dos crimes, preconceito, desconstrução as ofensas às destruições aos assentamentos de casas de cultos religiosos africanos no Brasil. O tempo está passando rápido e a velocidade em destruir a nossa identidade é o que essa sociedade nivelada de democracia está querendo. Todos os crimes que se comentem contra os afrodescendentes têm a ver com a nossa identidade étnica religiosa.
Aprendi que somos descendentes de civilizações altamente desenvolvidas, por isso temos que resgatar, a nossa dignidade enquanto pessoa. Se não vamos entender as leis, não saberemos usar as leis para brigar por nossos direitos. Se me considero inferior ainda não construí minha identidade. Ouso a afirmar que esse homem do tempo fez de sua consciência a sensibilidade o amor pelos vodúns, pelos caboclos, orixás e o coração voltado para a religião de matriz africana e pela a preocupação do povo descendente de africano fez o seu Baluarte o seu reinado dos Ashantis no Maranhão. O escolhido.
Quero com toda humildade dizer que não sou a espertiz no assunto religiosidade de Matriz Africana no Maranhão e nem tenho a pretensão em ser, só quero sempre estar aprendendo com os mais antigos e na oralidade. E ressalto a importância da oralidade e ancestralidade para o fortalecimento dos terreiros. Mas precisamos escrever algo bom para a contribuição de nosso povo e principalmente para os tempos de hoje ainda que seja de forma singela. E para mim, falar desse Babalorissá que partiu em 2015 para o Babá Olorun é um desafio! O homem do tempo do senhor do tempo que estive muito perto e aprendi o mínimo.!!!
O Babalorissá Euclides Menezes Ferreira-Talabyan Lissanon, “O homem do tempo o senhor do tempo”.
Livros:
O Candomblé no Maranhão (1984)
Orixás e Voduns em Cânticos Associados (1985)
A Casa Fanti-Ashanti e seu Alaxé (1986)
Tambor de Mina em Conserva (2002)
Candomblé: A Lei Complexa (2003)
Pajelança (2003)
Álbum Fotográfico – Arquivo de um Babalorixá (2004)
Cartilha dos 50 anos (2008)
Itan de Dois Terreiros Nagô (2008)
Cartilha de Memórias - Agora é Minha Vez (2013)
Agora é Minha Vez em dizer: Modupé Babá
Ki Orumilá didê odú alagassi, Sová axé axê Kissi ateté olé iran.
(Tradução: Que Deus vos dê anos de vida, saúde e força para estarem sempre firmes em nossa missão e em nossa família)