Curar quanto possível, aliviar na maioria das vezes quando a dor desconhecida se impõe e desafia um saber que vai além do conhecimento médico. Que necessita de outros olhares e entendimentos, de outras técnicas e competências.
Nesse mister, tenho como de fundamental importância o papel desempenhado pelo Terapeuta Ocupacional, cujo dia nacional foi comemorado na sexta-feira, dia 13 de outubro. A lei que consagra este dia aos profissionais da TO, nome pelo qual são, quero crer, carinhosamente conhecidos nas muitas áreas nas quais compõem equipes multidisciplinares, é relativamente nova, janeiro de 2015. A prática da profissão, no entanto, tem um longo caminho e no Brasil já é quase cinquentenária.
A Terapia Ocupacional se insere na interface entre vários conhecimentos e a atuação deste profissional da saúde abrange a intervenção áreas muito diversas como alterações cognitivas, perceptivas e psicomotoras. Ademais, é peça muito importante na recuperação das pessoas acometidas por traumas e problemas de desenvolvimento, apenas para citar algumas das facetas desta profissão.
Quando o Hospital Universitário Presidente Dutra adotou a diretriz, naquele momento pioneira, de atendimento multidisciplinar de seus pacientes, a Terapia Ocupacional estava entre as profissões que comporiam aquele mosaico nos seus cursos de residência profissional, certamente ainda a melhor forma de capacitar e treinar num espaço realístico os profissionais que, certamente, hoje, são especialmente valorizados no mercado de trabalho por causa deste selo de qualidade que o Hospital Universitário lhes confere.
O resultado do tratamento em TO está fundamentalmente ligado à busca, recuperação e restauração da qualidade de vida do paciente. Isso é particularmente verdade em pacientes sequelados pelos mais diversos motivos.
À medida que as principais doenças tratáveis, porém não curáveis, passaram a representar o grande contingente do perfil populacional de pacientes, ou ainda, as principais doenças deixaram de ser de caráter epidêmicas e se tornaram resultantes de um conjunto de fatores relacionados ao ambiente e forma de vida das pessoas, a necessidade de abordagens com o propósito puramente clínico-hospitalar ganharam enorme dimensão.
As discussões nos últimos trinta anos na área da saúde promovidos por organismos internacionais, como a OMS, tem levado em consideração não apenas a res extensa, mas a integralidade do homem, o que inclui todas as outras facetas de seu existir, simbolicamente aqui representada pela res cogitans.
É neste contexto que se insere à perfeição o saber da TO e é a estes profissionais que saúdo sabendo pela convivência que tenho tido nas lides do Hospital Universitário, de sua preciosa contribuição para a saúde de nossos pacientes. Este artigo teve a contribuição de Milady Cutrim (Coordenadora da Residência Multiprofissional do HU-UFMA).
Natalino Salgado Filho
Médico, doutor em Nefrologia, ex-reitor da UFMA, membro da ANM, da AML, da AMM, Sobrames e do IHGMA