Investigando o processo de construção cientificista no Maranhão, encontramos muitos fatores determinantes que podem se candidatar à posição de marcos entre períodos da história da ciência do maranhense. Um dos mais importantes foi a publicação e divulgação da Revista Maranhense: Artes, Ciência e Letras, considerado o primeiro veículo de divulgação científica, que circulou no estado.
A Revista Maranhense surgiu em 1887, uma publicação regional, mensal, literária e científica. Na primeira edição, teve uma vida curta, sendo publicados somente três volumes, e teve como seu redator chefe Augusto Britto. Para sua divulgação, utilizavam o jornal O Diário do Maranhão, que em sua edição 4.288 divulgou uma nota dizendo: “Por motivos ponderosos, deixa de ser publicado este mês de dezembro corrente o número quatro da Revista Maranhense com a qual começará no segundo trimestre” (Diário do Maranhão, 23/12/1887). Este fato marcou o fim da primeira versão de uma revista científica no estado.
Somente em 12 de março de 1912, um grupo constituído, entre outros, por Astrolábio Caldas, Fuljêncio Pinto, José Monteiro e Francisco Figueiredo, que se denominavam novos atenienses, lança novamente a Revista Maranhense. Pelos artigos, a primeira edição de 1916 tratava-se de jovens preocupados com a instrução e com a tradicionalidade que a cidade na época, ou anterior àquela época, tinha em produzir vultos como Gonçalves Dias, Aluizio e Arthur Azevedo, Nina Rodrigues e Gomes de Souza, consagrados nacionalmente, além de João Lisboa e Antonio Lobo.
O conteúdo da Revista Maranhense incluía ciência, cultura e sociedade. Foi um reflexo da efervescência advinda das discussões em torno da ciência em todo o país, geradas pelas descobertas científicas daquele momento e pela conscientização de que a ciência era a mola propulsora do desenvolvimento. A revista foi um periódico que, apesar de surgir nas mesmas condições dos jornais, pelo interesse de um grupo de jovens intelectuais empolgados com as novas tecnologias da época, tinha, no entanto, um diferencial que daria a ela uma conotação especial.
A revista, pela primeira vez no estado, despertava para o interesse e importância da ciência e da educação como fator transformador da sociedade. Isto faz com que seja mais instigante ainda. Esta afirmação é claramente percebida nos espaços dedicados aos artigos que falam de ciência e de educação, além de ter uma característica poética bem marcante.