José Simão da Silva aos 56 anos de idade é a prova viva de que não existe idade para correr atrás dos sonhos. Com uma empresa registrada de construção civil, é ele quem põe a mão na massa ao realizar os trabalhos para o qual é contratado. Ao fim do dia, quando termina mais um serviço como pedreiro, ele se dirige para a Faculdade Uninassau, na qual cursa o 4º período de Engenharia Civil, um sonho, que ele agora faz ser realidade.
O ofício de pedreiro ele aprendeu olhando os contratados da pequena empresa e em revistas. Conta José “Um engenheiro que prestava serviço para mim quis reajustar o valor que eu pagava, mas, como não estava conseguindo vencer as licitações de que participava, disse que o valor es¬tava muito alto. Ele, então, disse que eu deveria me formar em Engenharia para saber o valor a ser pa¬go na profissão. Aquilo me deu um estalo. Decidi correr atrás”.
Às 7h já está no caminho do serviço, embaixo do braço vão as ferramentas que vai usar e os livros. “Quando termino o dia de trabalho, vou direto para a faculdade. Chego em casa às 22h30 e, às vezes, ainda estudo até 1h. No fim de semana, tenho mais tempo para estudar. Nunca faltei aula por causa de serviço”, diz José Simão.
A história de um sonho
A vontade de se formar em Engenharia não nasceu recentemente. Quando tinha 18 anos e havia terminado o segundo grau de contabilidade, veio para São Luís se inscrever para o vestibular, veio de carona com um conhecido e voltou de ônibus no mesmo dia. Na época de fazer a prova, veio novamente para a Ilha.
Conheceu um rapaz de Goiânia que ia fazer o vestibular para agronomia e resolveram ir no Porto do Itaqui. Na volta pegaram carona com um engenheiro civil. “Ele me perguntou se eu tinha como montar uma cons¬trutora depois de formado e disse que, se eu não tivesse, não era uma boa ideia fazer Engenharia. Contou que a profissão pagava pouco e o profissional era muito exigido. Fiquei frustrado”, ele relata.
Não foi aprovado na sua primeira tentaviva. “No ano seguinte, prestei o vestibular para Odontologia e não passei. Decidi abandonar os estudos”, recorda-se. José então começou a trabalhar como caminhoneiro, casou e teve filhos. Separou, veio para São Luís, trabalhou como auxiliar de produção em uma terceirizada da Alcoa. Foi conferente na Antarctica. Voltou para Caxias. Empregou-se como motorista-vendedor da Coca-Cola e depois de uma distribuidora de cigarro em São Luís e em Imperatriz.
Aos 29 anos, sofreu um acidente de carro, no qual quebrou a perna e por isso passou três dias em coma, 19 na UTI e um ano e quatro meses, no total, afastado de todas as atividades fazendo um tratamento devido às complicações na perna direita. Quando em Caixas novamente, casou-se e abriu um escritório de representação.
Seu recomeço. Diz Simão que se casou com uma enfermeira que conheceu no hospital, mas separou-se de novo e tudo começou a dar errado, diz ter perdido tudo. Teve que vender o carro, fechando o escritório. Foi recomeçar de novo em São Luís, indo levando somente a bagagem, documentos e o dinhei¬ro da passagem.
O ano era 2004 e encontrar emprego estava difícil, foi quando apareceu a oportunidade de trabalhar como preposto (representante) de auto-peças. Nos fins de semana, fazia bicos de garçom. José orgulha-se “Um dia, vi uma notícia de uma universidade à distância que estava abrindo em São Luís e disse para a dona do restaurante que trabalhava que iria me formar. Ela me disse que faculdade era coisa de ‘gente de condição’. Mas eu me inscrevi para o vestibular na quinta-feira e fiz a prova no sábado. Guardo até hoje o jornal com a lista de aprovação. De 1105 aprovados, fiquei em 85º lugar no geral”.
Formado tecnólogo em Administração, trabalhou em uma empresa de construção civil, mas saiu do emprego tempos depois. “Foi quando eu parei para pensar e cheguei a conclusão que estava igual caranguejo, andando de lado. Usei a experiência que tinha para abrir a minha própria empresa”, diz.
Como a empresa não prosperou como ele imaginava hoje a mantém pensando no futuro. “Eu pago um contador e todos os tributos. Mas o trabalho sou eu mesmo que faço. Sou muito bom para trocar piso. Me sinto feliz fazendo o que faço, mas tenho um objetivo. Me vejo no futuro um homem realizado, que venceu todas as barreiras que encontrou e já formado Engenheiro”, finaliza.