O cineasta Frederico Machado encerrou as filmagens do seu longa “As órbitas da água” e, com isso, fecha o ciclo da chamada Trilogia Dantesca composta ainda pelos filmes “O exercício do caos” e “O signo das tetas”. Os filmes são baseados na obra do poeta Nauro Machado, pai do diretor e a previsão de estreia é entre o fim de 2018 e começo de 2019.
“As órbitas da água” teve como locação a praia do Mangue Seco, no município de Raposa. Após as gravações, o filme entra agora na fase de pós-produção. Considerado o maior filme feito pelo cineasta até o momento, é visto por ele como uma superprodução feita com poucos recursos. “O roteiro do filme existe há quatro anos. Um filme de muitos personagens, muitas situações, e com um roteiro mais narrativo do que as outras obras. Será o fechamento de um ciclo. Vivi nesses filmes o que meu pai viveu nessa cidade de São Luís. Um grande arista em uma cidade que ao mesmo tempo ele amava tanto, mas que trouxe tanta dor para ele, com maldições, indiferenças, invejas. É o meu opus para essa cidade. E para as pessoas dessa cidade, inclusive políticos, gente empresarial, classe artística”, diz Frederico Machado.
A película conta a história de uma família de pescadores que mora em uma vila abandonada e esquecida. Com a chegada de um casal de forasteiros, revela-se toda uma estrutura de sociedade e das famílias daquele lugar. O cineasta explica que é um drama sobre a família, sobre a vida. “É meu filme mais sensível, mais bonito, de mais fácil assimilação. Não haverá narração. Um filme em que deixarei claro que não faço esse cinema mais assimilável devido aos meus gostos pessoais. É um caminhar para a claridade, apesar de também ser um filme duro. Mas há nele uma tentativa de esperança”, observa Frederico Machado.
Diferente dos outros dois filmes, mais enxutos do ponto de vista da produção, este reúne um elenco bem maior e traz uma narrativa mais linear. “Considero este o filme mais ambicioso do Frederico Machado. São mais de 60 sequencias, muitas locações e um elenco maior do que ele costuma ter. Além disto, traz várias cenas de diálogo com uma narrativa com começo meio e fim e um pouco mais de respostas. Na minha visão o filme tentar tornar a obra do Fred, que é tão bonita, em algo mais acessível ao grande público”, destaca o ator Antonio Sabóia, que atuou em “Lamparina da Aurora” e também integra o elenco desta produção.
Elenco
Além de Antonio Sabóia, “As órbitas da água” traz ainda as participações de Rejane Arruda e dos atores maranhenses Auro Juriciê, Rosa Ewerton Jara e Tácito Borralho. A cantora Flavia Bittencourt faz sua estreia como atriz. “Uma grata revelação foi o olhar e a sensibilidade do protagonista Thalisson Costa, um jovem de 13 anos, escolhido na comunidade do Mangue Seco. A questão de mesclar atores profissionais e amadores, amadurece meu trabalho. Foi realmente uma felicidade contar com tantas pessoas que estavam junto comigo no processo. A equipe técnica foi de quase 20 pessoas e todos trabalharam dando o sangue para o filme e em total confiança e diálogo com meu cinema”, diz Frederico Machado.
Para Antonio Saboia, o cinema de Frederico Machado conversa entre si, mas guarda diferenças. “Com o ‘Lamparina’ (da Aurora) eu sabia o que a gente tinha, o que tínhamos feito e sabia que tínhamos uma limitação até por conta da linguagem que usamos no filme. Neste eu não faço ideia, realmente é outra coisa. Pra mim é uma evolução natural do trabalho do Fred. Quando ele me convidou e eu li o roteiro e logo me interessei porque é uma outra proposta, diferente do ‘Lamparina’, do qual eu também fui produtor”, destaca Antonio Sabóia que vive o irmão que volta da cidade grande 20 anos depois acompanhado da mulher, vivida por Rejane Arruda.
Frederico Machado explica que paralelo às próximas etapas do filme em 2018, os trabalhos continuam. “Estou com um ano de 2018 cheio. A ideia é lançar meu longa anterior, ‘Boi de Lágrimas’ nos cinemas e festivais. Está em finalização. E também finalizar esse ‘As órbitas da água’ para ser lançado no final de 2018 e ainda realizar mais dois longas, um em outro estado, o faroeste existencial ‘O Baldio Som de Deus’, e o outro em outro país, na Argentina, o suspense psicológico ‘Noite Ambulatória’. Para filmar em São Luís, apenas a série para TV, ‘Punga’. Em 2019, teremos o ‘Nau de Urano’, filme que contará a vida de Nauro Machado e terá Matheus Natchergaele no papel do poeta e meu pai”.
Já Antonio Sabóia tem estreias previstas para 2018. “Fiz uma série da Universal que estreia em março, chamada ‘Rota do ódio’ e que trata da única delegacia do Brasil que investiga crimes de ódio; e logo na sequência lança a série de José Padilha para a Netiflix chamada ‘O mecanismo’ com previsão entre abril e maio. Também filmei o curta ‘O farol’, de Arturo Sabóia”, adianta o ator.