Ele é maranhense, fisioterapeuta e estudante de Direito, mas não consegue se dissociar de uma paixão antiga, que traz bons frutos e o faz se destacar na cena artística local. Jorgean Braga Ribeiro, bailarino, coreógrafo, ator e professor da Escola de Dança Adágio, é um polivalente na vida e nos palcos.
Brilha na cena artística desde 1990 e nunca parou de inovar. Seu projeto tem consistência, pois não se resume aos movimentos em um tablado.
Mano, como passou a ser chamado pela família e amigos desde criança, é um pesquisador de manifestações folclóricas e um dedicado, de corpo e alma, aos ritmos maranhenses. Além do trabalho que executa na Adágio, tem incursões paralelas que o tornam um dos profissionais da dança mais completos do Maranhão.
O bailarino cresceu envolvido em uma atmosfera cultural no centro de São Luís. Na infância, morador na Vila Gracinha, o menino centrado, sério e precoce, foi incentivado pelos amigos e pela família a participar das manifestações culturais, principalmente do São João e do Carnaval. Entre os diversos amigos, divertia-se nas quadrilhas juninas, que chamavam a atenção naquele bairro no mês de junho. Mas tudo era algo despretensioso, pois o gosto pelas artes só ficaria evidente anos depois.
O envolvimento com as manifestações culturais na juventude, tornar-se-ia um elo e o levaria a cultivar a paixão na idade adulta, algo sempre presente em sua vida. Prova disso é o trabalho que, ocasionalmente, desenvolve em parceria com a Companhia Barrica, como coreógrafo e bailarino. Braga, que também criou um grupo de dança, executa os passos com elegância, na mesma cadência do balé clássico, sua base profissional. Sua relação com a dança estende-se à comunidade, aos seus alunos e assim por diante. Ano passado, o coreógrafo participou de um projeto que levou oficinas de dança para o interior do estado.
“Sempre gostei dos ritmos nordestinos, das danças brasileiras. Razão pela qual participei e montei vários espetáculos com a temática das danças folclóricas, uma de minhas paixões. Este ano, aliás, estou de volta ao Boi Barrica e, para os arraiais da cidade, iremos com a mesma energia de sempre. Assim como gosto de ministrar aulas, gosto também de protagonizar nos nossos festejos”, diz.
Neste mês de junho, Mano Braga está focado também na remodelagem de um espetáculo que apresentou em 2015, chamado “Seu João” e levará para os terreiros. “Esse projeto desenvolvo ao lado da professora e também coreógrafa Lucena Marques”, conta.
Além disso, Mano tem um pré-projeto de um musical inédito, em homenagem à famosa peça teatral “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. A relação com o teatro vem do espetáculo “Uma linda quase mulher”, da Companhia Deixa de Bobagem, que o revelou como ator. Ele vivia o motorista de ônibus “Ricardo Gerardo” e surpreendeu a plateia dando vida ao personagem caricato e que, ao final da história, ficava rico após ganhar na loteria.
Inteligente, profissional e criativo no trabalho que faz, Mano Braga é um poeta da dança e, recentemente, revelou-se poeta das letras. Quem o acompanha nas redes sociais, passou a conhecer um apaixonado pela poesia, a partir da publicação de alguns poemas, carregados de sensibilidade. “Na verdade, eu sempre escrevi, mas nunca tive coragem de tornar as minhas poesias públicas. Só agora veio essa ideia, motivado pelos amigos”, revela.