Composta por peças em cerâmicas produzidas por 14 ceramistas profissionais e quatro crianças aprendizes, está em cartaz até o dia 30 deste mês, a exposição “Um Saber Ancestral: a Produção Ceramista no Quilombo de Itamatatiua, em Alcântara/MA”. A mostra, que traz ainda fotografias, pode ser visitada das 9h às 12h e das 14h às 17h30, na galeria Antônio Almeida, do Palacete Gentil Braga (Rua Grande, Centro).
A exposição reúne trabalhos como vasos e pequenas esculturas que trazem em si um grande significado cultural em peças que refletem os dons particulares das ceramistas. Nos objetos, o público pode apreciar aspectos para além da estética, já que a arte cerâmica é considerada um modo de fazer que carrega consigo aspectos intangíveis extremamente relevantes para se conhecer a história, memória e cultura.
“Trata-se, portanto, de uma referência cultural que permeia a identidade coletiva dessas mulheres ceramistas. A exposição é um pequeno fragmento de um texto que vem sendo construído a várias mãos, sobretudo pelas de quem manipula o barro e transforma-o em arte", diz o arqueólogo, historiador e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Arkley Marques Bandeira, que coordenou a pesquisa da qual resultou a exposição.
Tendo como base um trabalho etnográfico, mas colaborativo, o professor explica que a mostra nasceu por uma demanda das ceramistas cuja maior dificuldade é escoar a produção. Eloe conta que a ideia do projeto que resultou na mostra é registrar e preservar o conhecimento da manufatura da cerâmica feita em uma das maiores comunidades quilombolas de Alcântara. Arkley Bandeira acredita que o grupo de mulheres mantém vivo um oficio ancestral, que passa de gerações e deve ter cerca de 200 a 300 anos de manutenção.
Segundo o pesquisador, embora a comunidade seja quilombola, as pesquisas realizadas no local indicam que a técnica aplicada pelas mulheres no fazer das cerâmicas é indígena, o que remete que a região teve fortes relações entre indígenas e africanos ao longo da história.
Oficina
Composta por peças produzidas especialmente para a mostra e apresentadas em instalações coletivas que auxiliam o público na compreensão do ofício ancestral, a exposição abre espaço ainda para a troca de conhecimentos e saberes por meio de oficinas de manipulação de argila para elaboração de objetos cerâmicos. A próxima será amanhã, das 8h30 às 11h30 e das 14h às 17h30. As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas pelo site www.cultura.ufma.br ou pelos telefones 98 3272 9361 e 9362. As vagas são limitadas.
A oficina terá como facilitadores Arkley Marques Bandeira, Eloisa de Jesus, Neide de Jesus e Ângela de Jesus, ceramistas de Itamatatiua. O objetivo da vivência é propiciar ao participante uma imersão no universo da cerâmica artesanal com técnicas ancestrais.
"Um Saber Ancestral: a Produção Ceramista no Quilombo de Itamatatiua, em Alcântara/MA” é fruto de um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), por meio do Programa de Apoio ao Patrimônio Imaterial do Maranhão. A realização é do Observatório Cultural do Maranhão, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult), da UFMA. A mostra é uma promoção do Departamento de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Empreendedorismo (DAC/Proexce) da UFMA.
Evento:
Exposição “Um Saber Ancestral: a Produção Ceramista no Quilombo de Itamatatiua, em Alcântara/MA”
Dia:
Até dia 30 deste mês
Local:
Galeria Antônio Almeida, Palacete Gentil Braga – Rua Grande, Centro
Horário de Visitação:
Das 9h às 12h e das 14h às 17h30
Inscrições: