A Usina de Pelotização de São Luís voltou a operar na sexta-feira, (04), depois de quase seis anos com as atividades paralisadas por causa de retração da demanda por pelotas no mercado internacional. A Vale investiu US$ 104,5 milhões na retomada da planta industrial, que tem capacidade para produzir 7,5 milhões de toneladas de pelotas/ano. O diretor-presidente da Companhia, Fábio Schvartsman, participou do ato que acionou os discos de pelotamento.
Antes da solenidade, o diretor-presidente da Vale acompanhou autoridades convidadas para conhecerem as instalações da usina de pelotização, entre as quais o governador Flávio Dino, o prefeito Edvaldo Holanda Júnior, o presidente da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema), Edilson Baldez, entre outros.
De acordo com Fábio Schvartsman, que participou de sua primeira inauguração como presidente da Vale, para a Companhia esse é um momento importante depois das dificuldades que foram enfrentadas, representando a retomada de uma operação única no Brasil e fundamental para a empresa. “Essa é a primeira inauguração que participo à frente da Companhia e espero que essa seja a primeira de muitas”, declarou.
Fábio Schvartsman afirmou ser este um marco simbólico para Vale, por representar a volta da boa situação financeira da empresa, do crescimento e do desenvolvimento, como também o aquecimento da economia global, especialmente pela demanda do mercado por pelotas. “Temos como principais mercado a Europa e Ásia – China, Coréia e Japão”, disse.
Segundo a Vale, a decisão de retomar a operação da usina foi tomada em 2017, quando foram iniciados os estudos de viabilidade da planta. "O mercado apresenta-se numa condição favorável de demanda, abrindo oportunidade para o aumento de produção de pelotas. Por esta razão, a Vale decidiu retomar a operação devido a sua proximidade aos projetos de expansão da Vale na região", explicou o diretor de Pelotização da Vale, Cláudio Alves.
Com o funcionamento novamente da usina, estão sendo gerados 370 postos de trabalho, entre próprios e terceiros, em áreas técnicas, como mecânica, elétrica, eletroeletrônica, eletrotécnica, metalurgia, química e eletrônica. Alguns dos empregados trabalharam na usina antes da paralisação, foram redistribuídos a outras áreas da Vale e hoje estão de volta à unidade de pelotização.
Maior e melhor
O orientador técnico da usina, Marcelo Carvalho, era um desses empregados. Ele resaltou que o quadro de pessoal da planta é formado em 90% por maranhenses. “Agradecemos à Vale por acreditar nesse empreendimento, que é importante para o estado. Vamos fazer dessa usina de pelotização a maior e melhor do mundo”, assinalou.
Outro dado a ser destacado é que a Usina de Pelotização de São Luís conta com aproximadamente 59 fornecedores no processo de revitalização, dos quais 40% são formados por empresas maranhenses.
Entre os investimentos realizados para a retomada da usina, e como parte das etapas de controle ambiental, destaca-se a instalação de medidores de gases nas chaminés, que permitirão o monitoramento e controle das emissões de gases gerados durante o processo, com o objetivo de atuar de forma rápida e preventiva. Depois de prontas, as pelotas recebem supressores de pó, uma camada de proteção formada por um composto de glicerina e água para dificultar o desprendimento de pó causado pela força do vento ou durante a movimentação das pelotas.
A produção de pelotas em São Luís tem como matéria-prima o minério de ferro das minas de Carajás, considerado de alto valor de pureza devido a maior concentração de ferro. O embarque do produto será feito pelo Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, líder no ranking de movimentação de carga do país entre os portos privados. No total, a Vale possui 11 usinas de pelotização no Brasil, sendo 10 no Sistema Sul - oito no Espírito Santo e duas em Minas Gerais - e uma no Sistema Norte, em São Luís.
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Sobre pelotas
Pelotas são pequenas bolinhas de minério de ferro usadas na fabricação do aço e consideradas um produto de altíssimo valor agregado por proporcionar maior produtividade nas usinas siderúrgicas. Elas são feitas com uma tecnologia de processamento térmico que utiliza os finos gerados durante a extração do minério. Para se chegar à pelota, o minério de ferro é misturado ao calcário, bentonita e antracito, um tipo de combustível sólido, além de outros insumos. Para a produção de uma tonelada de pelotas são necessários 990 kg de minério de ferro. Pontes, carros, aviões, bicicletas, eletrodomésticos e grande parte dos produtos que utilizamos em nosso
dia a dia são feitos a partir do aço produzido
nas siderúrgicas.
Empreendimento foi o primeiro construído pela Vale no Maranhão
Inaugurada em 26 de março de 2002, na área Itaqui-Bacanga, resultado de investimento da ordem de US$ 408 milhões que gerou 2.500 empregos diretos e indiretos em sua construção, a Usina de Pelotização de São Luís é a primeira empresa construída pela Vale no Maranhão.
A primeira exportação de pelotas produzido pela usina para o mercado internacional ocorreu dia 24 setembro de 2002, quando foram embarcadas 60 mil toneladas no navio Flecha, procedente de Malta, no píer 1 do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira. A carga teve como destino o grupo siderúrgico indiano CIL Caribbean Ispat Limited. O contrato com a Vale previa a exportação de 1 milhão de toneladas de pelotas até o fim daquele ano.
Em 2006, no entanto, quatro anos depois de entrar em operação, a usina teve sua primeira paralisação, em decorrência de crises econômicas. Naquele ano, usina a planta passou quatro meses sem operar e teve como impacto a queda de 1,2 milhão de toneladas na produção de pelotas. Mas em 2007, a unidade atingiu seu pico máximo de produção: 7,05 milhões de toneladas de pelotas.
Depois, como consequência da crise nos Estados Unidos, em 2008, a Vale programou, no início de 2009, uma paralisação de apenas 12 dias, mas que se estendeu por mais de um ano, em decorrência do agravamento da conjuntura econômica americana. Para evitar demissões, a Vale deu recesso aos empregados.
Mas foi no dia 8 de outubro de 2012, que a usina teve suas atividades suspensas por um longo período - até maio de 2018 - por causa de retração da demanda por pelotas no mercado internacional. A crise se estendeu ainda às plantas Tubarão I e II -, em Vitória (ES), também da Vale, que pararam a produção em 13 de novembro do mesmo ano.