Em São Luís, o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Maranhão (Hemomar) está fazendo o cadastramento de doadores voluntários de medula no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
O transplante de medula óssea pode beneficiar o tratamento de cerca de 80 doenças em diferentes estágios e faixas etárias. O fator que mais dificulta a realização do procedimento é a falta de doador compatível, já que as chances de o paciente encontrar um doador compatível são de 1 em cada 100 mil pessoas, em média.
“A maior possibilidade de compatibilidade é entre familiares. Quando um paciente precisa de doações, a família é a primeira a ser testada”, informa Maria do Socorro Ferreira de Oliveira, coordenadora do Setor de Captação de Doadores do Hemomar.
O doador ideal (irmão compatível) só está disponível em cerca de 25% das famílias brasileiras – para 75% dos pacientes é necessário identificar um doador alternativo a partir dos registros de doadores voluntários, bancos públicos de sangue de cordão umbilical ou familiares parcialmente compatíveis, por isso, a importância dos doadores voluntários.
Estes doadores alternativos são buscados no Redome. Para ser um doador voluntário, é preciso se cadastrar nos hemocentros de sua cidade. No caso da Capital São Luís, o cadastro é feito no Hemomar. “O interessado tem que procurar o Serviço Social do Hemomar. Ele vai preencher um formulário com dados pessoais e endereço. Depois, serão coletados 10 ml de sangue para o exame de HLA, que vai mapear as características genética da pessoa. Após isso, ele será incluído no Redome”, explica Maria do Socorro Ferreira de Oliveira.
O processo de busca do doador é simples e totalmente informatizado. O médico responsável inscreve as informações do paciente necessitado do transplante, incluindo o resultado do exame de histocompatibilidade (HLA), no sistema do Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme). Após aprovação da inscrição do paciente, a busca é iniciada imediatamente. “A busca por doadores é feita por meio de um cruzamento do Redome com o Rereme. Se um doador é identificado, ele é convocado para fazer novos exames que confirmem a compatibilidade e após todo esse processo o transplante é feito”, informa Maria do Socorro Ferreira de Oliveira.
Procedimento
A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural (geral), e requer internação de 24 horas. A medula é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções. O procedimento leva em torno de 90 minutos. A medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias. Nos primeiros três dias após a doação, pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples.
Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana após a doação.
Há outro método de doação, chamado coleta por aférese. Nesse caso, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco (células mais importantes para o transplante de medula óssea) circulantes no seu sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia.
“A decisão sobre o método de doação mais adequado é exclusiva dos médicos e será avaliada em cada caso”, frisa Maria do Socorro Ferreira de Oliveira. Ainda segundo a coordenadora do Setor de Captação de Doadores do Hemomar, o doador não fica com qualquer tipo de sequela decorrente da doação.