As equipes de busca do naufrágio mais famoso da história, o Titanic, devolveram ao mar 116 dos 334 corpos das vítimas. Segundo cartas reveladas recentemente pelo historiador dos EUA Charles Haas, a decisão foi tomada porque o navio que levaria os mortos não suportava todo o peso.
Para decidir quais corpos seriam jogados novamente ao mar, o capitão do navio de resgate, Frederick Larnder, junto com a administradora do Titanic, White Star Line, optaram por priorizar o resgate dos mais ricos. Os 116 corpos deixados para trás eram de ocupantes das classes mais baixas.
As 118 cartas descobertas pelo historiador foram trocadas por Larnder e a White Star Line. Elas demonstram a surpresa das equipes de resgate com a quantidade de corpos encontrados, número muito maior do que o esperado.
Foi decidido que os corpos dos mais ricos seriam resgatados. Esses foram então recuperados, embalsamados e devolvidos os seus familiares.
Os telegramas foram guardados por um funcionário da Cunard Line, companhia que se fundiu à White Star Line em 1934. O historiador teve acesso ao acervo em 1980.
“Um registro cuidadoso foi feito de todos as notas de dinheiro e valores encontrados nos corpos. Não seria melhor enterrar todos no mar a não ser que familiares solicitem que sejam preservados?”, perguntou o capitão à empresa em um dos telegramas.
“A coleção se desenvolveu em um grande detalhe do quão difícil foi o processo após o naufrágio. Eles mostram abertamente o estresse imenso que estavam todos os envolvidos”, contou ao Daily Mail o historiador.
Curiosidade
O RMS Titanic foi um navio de passageiros britânico operado pela White Star Line e construído pelos estaleiros da Harland and Wolff em Belfast. Foi a segunda embarcação da Classe Olympic de transatlânticos depois do RMS Olympic e seguido pelo HMHS Britannic. Projetado pelos engenheiros navais Alexander Carlisle e Thomas Andrews, sua construção começou em março de 1909 e ele foi lançado ao mar em maio de 1911. O Titanic foi pensado para ser o navio mais luxuoso e mais seguro de sua época, gerando lendas que era supostamente "inafundável".
A embarcação partiu em sua viagem inaugural de Southampton para Nova Iorque em 10 de abril de 1912, no caminho passando em Cherbourg-Octeville na França e por Queenstown na Irlanda. Ele colidiu com um iceberg às 23h40min do dia 14 de abril e afundou na madrugada do dia seguinte com mais de 1 500 pessoas a bordo, sendo um dos maiores desastres marítimos em tempos de paz de toda a história. Seu naufrágio destacou vários pontos fracos de seu projeto, deficiências nos procedimentos de evacuação de emergência e falhas nas regulamentações marítimas da época. Comissões de inquérito foram instauradas nos Estados Unidos e no Reino Unido, levando a mudanças nas leis internacionais de navegação que permanecem em vigor mais de um século depois.
Os destroços do Titanic foram procurados por décadas até serem encontrados em 1985 por uma equipe liderada por Robert Ballard. Ele se encontra a 3843 m de profundidade e a 650 km ao sudeste de Terra Nova no Canadá. Sua história e naufrágio permaneceram no imaginário popular durante décadas, levando a produção de vários livros e filmes a seu respeito, mais notavelmente o filme Titanic de 1997. Até hoje o Titanic permanece como um dos navios mais famosos da história, com seus destroços atraindo várias expedições de exploração ao longo dos anos.