Sete anos atrás, em 2011, durante o governo Roseana Sarney, o Governo Federal chancelou o que já era o sentimento nacional, com o registro do Complexo Cultural do Bumba meu Boi do Maranhão como Patrimônio Cultural do Brasil.
A partir de agora, é o mundo que terá a oportunidade de conhecer o Boi do Maranhão, de fazer contato com essa cultura complexa, variegada e dinâmica, sagrada e profana, que não tem par em qualquer canto do mundo.
Costumo sempre fazer referência às palavras do poeta Mário de Andrade, grande estudioso do folclore brasileiro, para quem o Bumba meu Boi é “a mais exemplar” e a “a mais complexa, estranha, original de todas as nossas danças dramáticas”.
A festa do Boi encontra-se hoje em todas as regiões brasileiras, tendo recebido diversas denominações: Boi bumbá, Boi calemba, Boizinho, Boi canário, Boi de reis, entre muitas outras.
Composto de múltiplos elementos articulados — dança, música, narrativa, teatro, artesanato, religião —, o enredo central dos festejos é a morte e o ressurgimento do Boi, que é trabalhado sob diversas abordagens, com a inclusão ou exclusão de personagens, eventos e ritos.
O Parlamento brasileiro tem reconhecido a importância do Bumba meu Boi. Anualmente realizamos sessão solene da Câmara dos Deputados, devotada a comemorar a festa, que conta sempre com a presença de participantes do Bumba meu boi.
Na solenidade de 2017, a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, apresentou ao Congresso Nacional a boa-nova de que haviam dado início ao processo de indicação do Bumba meu Boi do Maranhão para receber o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, concedido pela Unesco.
Tenho a honra de ser autor do Projeto de Lei 4.364/2016, que concede a cidade de São Luís o título de Capital Nacional do Bumba Meu Boi. A proposta foi aprovada em todas as comissões que tramitou na Câmara dos Deputados e encontra-se hoje para apreciação do Senado Federal.
Na quinta-feira, dia 5 de abril, o anúncio da senhora Bogéa se concretizou. Nosso país realizou a entrega do dossiê à Unesco, e a alma maranhense transborda de orgulho, alegria e de um elevado sentimento de responsabilidade.
A alegria decorre, em primeiro lugar, da certeza do êxito. Quem conhece a cultura do Boi como conhecemos não tem um fio de dúvida de que o órgão das Nações Unidas se convencerá do ímpeto, da beleza, da riqueza e da singularidade do Bumba meu Boi do Maranhão. Se visitarem São Luís durante as festas, aí o desfecho virá sem demora.
Também é motivo de alegria para nós a visibilidade conferida pela distinção da Unesco. Isto dará oportunidade de pessoas de todas as nacionalidades, de países distantes, de conhecer o Bumba meu Boi, de vir ao Maranhão e se emocionarem com os festejos.
Acima de tudo, este é um dever de toda a sociedade. As autoridades públicas, os gestores de cultura de todos os níveis terão de continuar trabalhando para manter e fortalecer a cultura do Boi no Maranhão. É o povo o criador, o mantenedor e o destinatário das festividades. Todos nós somos responsáveis pela preservação deste patrimônio que, independentemente do parecer da Unesco, já consideramos pertencente a todo gênero humano.
Este é um ato simbólico que significa muito para nós.É a joia da nossa cultura popular que se aproxima a passos rápidos da consagração internacional.
Escrito por Hildo Rocha Deputado federal pelo MDB