Pensado inicialmente para abrigar o Museu da Língua Portuguesa, o prédio onde funcionou o antigo Liceu Maranhense (Rua Direita, 149, esquina com a Rua do Giz, Praia Grande), restaurado pela empresa Vale, agora será o Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM). Para abrir o espaço será montada a mostra “File São Luís 2017: arte e tecnologia”, um panorama do “File Festival Internacional de Linguagem Eletrônica”, evento que reúne obras de realidade virtual, instalações interativas, games e animações do mundo inteiro e que há 18 anos ocorre em São Paulo.
A abertura, para imprensa e convidados, será amanhã, às 18h30, e na quinta-feira, 06, para o público. A visitação pode ser feita até o dia 4 de junho, de terça a domingo, das 10h às 19h, gratuitamente. A mostra dialoga com a relação contemporânea entre arte e novas tecnologias e é uma realização da Vale, Fundação Vale e Ministério da Cultura.
A curadora do Centro Cultural, Paula Porta, explica que esta é a primeira vez que o Nordeste recebe a mostra composta por 35 obras de 42 artistas do Brasil, Alemanha, Austrália, Canadá, Dinamarca, França, Eslováquia, Espanha, Estados Unidos, Grécia, Holanda, Inglaterra, México, Portugal, Sérvia e Suíça. “Esta mostra é um panorama de diversas edições do Festival. Selecionamos obras importantes que vieram especialmente para o Maranhão. É uma oportunidade de os maranhenses conhecerem este segmento da arte eletrônica que nunca veio ao Nordeste e que dificilmente viria para cá se não fosse o Centro Cultural da Vale”, diz a curadora do espaço, Paula Porta.
Para abrigar o Centro, o prédio passou por uma adequação técnica tendo o projeto de arquitetura e design assinado por Marcelo Rosenbaum e de comunicação visual de Fábio Prata. Dentro do espaço, foram inseridas referências da cultura maranhense a exemplo dos povos indígenas e das manifestações da cultura popular como o bumba meu boi, além de renda, cestaria, cerâmica, entre outros. As obras foram criadas por artistas e artesãos maranhenses.
Sobre a mudança de conceito do espaço – que a princípio seria uma espécie de filial do Museu da Língua Portuguesa - a curadora explica que foram levados em conta a necessidade de um lugar que pudesse ser mais versátil. “Mapeamos que aqui já existem cerca de 10 museus e normalmente, quando se trata de museu temático, as pessoas tendem a visitar apenas uma vez e achar que já viu tudo. No Centro Cultural não, a dinâmica é maior e as possibilidades também”, justifica Paula Porta.
Na mostra, o público terá a oportunidade de vivenciar, por meio da realidade virtual, experiências inovadoras, visto que a mostra é interativa e parte das obras só pode ser contemplada com o uso de óculos 3D. Compõem a exposição 10 obras interativas, 20 animações e quatro games.
Entre as interativas destaque para “Be boy be girl”, de Frederick Duerinck e Marleine van der Werf, na qual o observador pode, com o uso da tecnologia, visitar uma praia no Havaí e escolher se esta visita será feita no corpo de um homem ou de uma mulher.
O mundo das pinturas de Van Gogh pode ser explorado em “The Nigth Café”, de Mac Cauley, que possibilita um passeio na tela no qual é possível encontrar o próprio artista dentro do trabalho. Ainda usando a tecnologia 3D, a obra “Swing”, de Christin Marczinzik e Thi Binh Minh Nguyen, o sonho de voar se torna realidade. Sentados em um balanço, quanto maior for o movimento empregado pelo visitante, maior será a vivacidade das cores do mundo experimentado.
Os brasileiros Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti trazem para a mostra as obras “Fala”, “Túnel” e “Piso”. Nesta última, uma onda que vai e volta pode ser sentida por outros que caminham, sentam ou deitam sobre a instalação. A obra “Vídeo-Boleba”, de Celina Portella, mostra a passagem do mundo digital ao físico pelo jogo de bolas de gude que saem do plano da tela e se espalham pelo espaço da galeria. “Hardwired”, de Marcel Van Brakel e Frederik Duerinck, utiliza 18.000 LEDs em uma rede física que simboliza a transferência de conhecimento que ocorre nas redes sinápticas do cérebro.
Na parte dos games, uma seleção de jogos eletrônicos se une a animações de diversos países. O intuito é salientar aspectos que passam despercebidos quando são mostrados separadamente e ressaltar a mútua influência entre esses dois campos.
Programação
A curadora Paula Porta adianta que o espaço será bem versátil e poderá ser cenário para exposições de tamanhos variados. “A programação do Centro terá espaço para exposições maranhenses, mas também para exposições nacionais, como é o caso desta da abertura. Parte serão convites para artistas e também por meio de seleção pública que será aberta no início de maio para projetos que sejam desenvolvidos no Maranhão, de diferentes naturezas. Por meio deste edital também vamos mapeando esta produção cultural local, o que vai criando uma afinidade e um diálogo com a produção cultural daqui”, relata Paula Porta.
Ela destaca que a programação é pensada de forma a instigar o pensamento, proporcionar novas percepções e conhecimentos, dar espaço para o que se conhece pouco e provocar novas formas de ver o que já se conhece muito. O primeiro edital, abrangendo todo o estado, deve ser lançado no início de maio.
Assim, o local poderá abrigar desde exposições, oficinas, performances, pocket shows, até exibição de filmes, cursos, palestras, além de servir de espaço para lançamento de projetos, livros, CDs e outros produtos culturais. Essa programação envolve projetos convidados pela curadora e seleção de projetos por meio de edital.
Para esta mostra, serão feitas visitas monitoradas com alunos de escolas e instituições, além do público espontâneo. A curadora adianta que 40 escolas públicas já estão agendadas. “A expectativa é que também haja procura das escolas privadas, universidades, associações, sindicatos e todos que tiverem interesse em fazer visita com acompanhamento de monitor”, ressalta.
O Centro Cultural está instalado no prédio que por muitos anos sediou o Liceu Maranhense. Ficou sem atividade por mais de 30 anos e em 2011-2012 foi restaurado com patrocínio da Vale por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Para atender as necessidades do Centro Cultural Vale Maranhão foi realizada uma intervenção que durou seis meses. O espaço recebeu instalações elétricas adequadas, redimensionamento de climatização, sistema de prevenção e combate a incêndio, sistema de segurança, sonorização ambiente, rede de dados e automação predial. O espaço mantém uma loja conceitual dedicada exclusivamente aos produtos locais. Um café também foi instalado no local.
Evento: Abertura do Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM), com a exposição “File São Luís 2017: arte e tecnologia”
Dias: Quinta-feira, 06, até dia 04 de junho
Local: Rua Direita, 149, esquina com a Rua do Giz, Praia Grande
Entrada: Gratuita, de terça a domingo, das 10h às 19h
Agendamento: Pelo e-mail agenda.vale.ma@vale.com