Nascida na Bélgica, Christine Leidgens formou-se em Artes Visuais e, posteriormente, se especializou em fotografia nos Estados Unidos. Chegou ao Brasil em meados de 1989 e se identificou com a história de luta dos quilombolas da comunidade de Frechal pelo reconhecimento do Estado ao direito de terem acesso às terras, no município de Mirinzal (a 188 km de São Luís), no Maranhão. A comunidade é composta por 900 pessoas descendentes de escravos originários das nações africanas.
Com o objetivo de apenas fazer boas fotos, o que sempre fez em todos os lugares pelos quais passou, Christine viu no Maranhão uma missão maior: retratar e dar visibilidade às condições de vida dos quilombos, além de resgatar a identidade cultural dos povos, e passou a ter anseios de registrar o cotidiano das minorias étnicas.
A paixão pela história e pela fotografia fez com que Christine criasse fortes vínculos com cada um daqueles que se sentiram representados pelas lentes e ela acabou retratando a realidade de um povo que vive sob duras condições e aproveita todos os recursos naturais que a terra lhes dá para sobreviver.
Os reflexos do excelente trabalho renderam um livro, intitulado “Comunidade de Frechal – Primeiro Quilombo do Brasil”, que conta a história dos negros a partir de fotografias cheias de detalhes imprescindíveis para causar impacto social que retratam perfeitamente o cotidiano e a cultura do povo quilombola. A fotógrafa é o contraste da comunidade de Frechal, naturalizando-a como parte integrante de uma luta que se segue até os dias de hoje.
Exposição
Com um conjunto de belas fotografias, Christine enxergou a necessidade de realizar uma exposição para os próprios fotografados, proporcionando um momento de reflexão e emoção para eles. Assim, no dia 12 de maio, ela inaugura o primeiro Espaço Fotográfico da Reserva Extrativista do Quilombo de Frechal.
“O maior incentivo para fazer uma viagem ao interior de um povo, do seu dia a dia, são as necessidades e os sonhos de uma comunidade negra, tachada como uma minoria que não tem os mesmos direitos que os brancos”.
O espaço abriga uma exposição com 75 fotografias tiradas entre os anos de 1989 e 1995. O trabalho, com certeza, foi bem além do que Christine Leidgens esperava quando ela veio ao Brasil, a convite do Ministério das Relações Exteriores, integrando um projeto de valorização da cultura negra. O resultado, agora, está eternizado.